Sei que passou algum (bastante) tempo desde o último post, mas mais vale tarde do que nunca. Talvez outros assuntos mais importantes se tenham atravessado no caminho, e acabei por me esquecer do blog e do objetivo de registar esta viagem.
Olhando para trás, com o arrefecimento trazido pelo maior distanciamento relativamente à viagem em si, considero ter sido um marco importante por diversas razões. Embora conhecer um pouco melhor o país e as suas magnificas estradas e paisagens seja obviamente um aspeto muito importante dessa jornada, o aspeto mais importante talvez tenha sido a viagem interior feita em simultâneo com a outra viagem.
Conduzir uma mota não é o mesmo que conduzir um carro. É uma experiencia física e sensorial muito diferente. A mota torna-se uma extensão daquilo que somos. Sentimos tudo aquilo que é propagado através da estrutura da mota, seja as imperfeições da estrada, seja a vibração do motor. Sentimos todos os cheiros, ouvimos o ruído incessante do vento.
Enquanto que a mota nos transporta para um destino, a nossa alma ou aquilo que somos, é também transportada para um outro local, amadurecendo pelo caminho. Viajar é algo que nos cultiva, seja num carro, num avião, a pé ou de mota. Embora de mota (e suponho que a pé também, mas com dificuldade acrescida), devido a exigência trazida pelo aspeto físico envolvido, esse cultivar tenha tendência a produzir mais frutos.
O facto de ter feito a viagem completamente sozinho certamente contribuiu para que fosse, acima de tudo, uma viagem introspetiva. Com companhia, a viagem teria tido uma natureza diferente.
O plano para a viagem envolvia fazer cerca de 400 kms por dia. Uma vez que a maioria dos percursos seria feito em estradas nacionais, o plano assumia contornos particularmente exigentes. Para que fosse possível cumprir essa meta, não seria possível fazer pausas extensas, apenas as obrigatórias para satisfazer necessidades fisiológicas. A alimentação consistiria no consumo de barras de cereais e sumos/águas quando a paragem se tornasse mesmo necessária. Após a chegada ao destino determinado para o dia, aí haveria lugar a um jantar condigno e a uma cama decente. Para tal, foi necessário fazer a reserva atempada de alojamento para pernoitar.
Para poder executar o plano, foi necessário investir em algum equipamento para transportar mantimentos e roupa para a totalidade dos dias de viagem:
- Bolsas laterais SHAD E48 e respetivos suportes: sistema de montagem relativamente fácil; muito espaço arrumações; não é completamente impermeável, mas inclui duas capas para aumentar a capacidade de impermeabilização. Uma das bolsas teve a função de armazenar as mudas de roupa (cerca de 5 t-shirts, mudas de roupa interior, uma muda de calças).
- Bolsa de tanque SHAD E16P e respetivo sistema de fixação pin: o sistema de pin é de fácil montagem. A bolsa é bastante volumosa, oferecendo bastante espaço. Devido as suas grandes dimensões, acaba por interferir um pouco com a visibilidade do mostrador da mota, sendo necessário alguma habituação à mesma. Se soubesse o que sei hoje, talvez tivesse comprado uma bolsa ligeiramente mais pequena.
O próximo post será focado no primeiro dia, com partida de Alhandra e destino Covilhã, com passagens pela N112, N238 e N339.
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