Reflexões em duas rodas
Blog para memória futura sobre viagens, sensações, considerações, ilusões e desilusões sobre duas rodas.
sábado, 17 de junho de 2023
Um marco
sexta-feira, 19 de maio de 2023
Manutenção: mudança do fluído dos travões
A mudança do fluído dos travões é um procedimento que não tinha feito anteriormente, mas que é relativamente simples, sendo apenas necessário ter alguns cuidados para que não entre ar no sistema. Os materiais necessários para esta operação são os seguintes:
- Fluído DOT4 0,5L (usei da marca Lubexco)
- Mangueira transparente (daquelas usadas nos aquários)
- Um recipiente para receber o óleo usado (usei um frasco de vidro)
- Uma chave Philips (para o reservatório de fluído)
- Uma chave inglesa de 10 (para abrir/fechar a válvula de sangramento)
- Panos/plásticos (para proteger a pintura)

Et voilá: fluído dos travões mudado.
terça-feira, 9 de maio de 2023
O quarto (e último) dia (3 de Junho) - N2
"A viagem acabou.
Não é verdade. A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: «Não há mais que ver», sabia que não era assim. O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já."
José Saramago, Viagem a Portugal
Depois do belíssimo pequeno almoço já referido, e após a arrumação dos sacos, foi altura de partir. Após abastecer a mota na estação de serviço mais próxima, segui viagem a bom ritmo. Pouco depois, já estava a passar o centro geodésico do país, em Vila de Rei. É curioso: as características da estrada e a morfologia do terreno parecem também alterar-se mais ou menos a partir deste ponto. Então o Alentejo é como se fosse uma imensa recta que rasga a vasta planície. As curvas acabam por dar tréguas para aparecerem mais tarde, de forma bombástica, ao chegarmos ao Algarve.
A primeira paragem para descansar e esticar as pernas foi já na barragem de Montargil. Depois, foi sempre a andar, pois a estrada prestou-se a isso. Foi um dia quente, comparativamente aos outros dias da viagem, e o calor fez-se sentir bem ao atravessar o Alentejo e o Algarve, levando a que tivesse de fazer mais paragens para hidratar.
Um aspeto importante a não esquecer em viagens futuras: levar óleo para lubrificar a corrente para uma viagem com estas características. Momentaneamente, senti que a mota teve um comportamento estranho ao acelerar. Ao parar para abastecer, verifiquei que a corrente se encontrava completamente seca, apesar de a ter lubrificado previamente à viagem. Obviamente, adquiri o lubrificante na estação de serviço e apliquei o mesmo. O problema não voltou a surgir.
O facto de a estrada ter um traçado relativamente mais fácil levou a que as 13h30 já estivesse a entrar no Algarve, para o autêntico festim de curvas que é a estrada que cruza a Serra do Caldeirão, que nesse aspeto rivaliza com qualquer outro traçado no país. Altamente recomendado.
Pelas 15h30 cheguei ao esperado quilómetro 738 e ao fim desta aventura. Segui depois para o café alusivo ao mesmo para uma merecida cervejinha. A noite seria passada num alojamento local - Casa de Campo Cantinho da Serra, na Cortelha, já perto de São Brás de Alportel, onde também jantaria.
No dia seguinte, 4 de Junho, seria altura de voltar para casa. Decidi fazê-lo também por estradas nacionais: seguiria para norte na N2 e, pouco depois de Almodôvar, viraria para A-dos-Neves, com vista a apanhar o IC1.
Foram cerca de 2000km de viagem, que dificilmente esquecerei. Se a pusermos em perspetiva e compararmos com outras epopeias, foi uma viagem modesta. Mas foi minha, e foi vivida intensamente, e em comunhão com a mota, com a estrada e com a paisagem.
domingo, 7 de maio de 2023
O terceiro dia (2 de Junho) - N2
"É fácil aceitar que um centímetro no mapa equivale a vinte quilómetros na realidade, mas o que não costumamos pensar é que nós próprios sofremos na operação uma redução dimensional equivalente, por isso é que, sendo já tão mínima coisa no mundo, o somos infinitamente menos nos mapas."
José Saramago, A viagem do Elefante
O terceiro dia amanheceu nublado, com poucas abertas, mas sem chuva à vista. Depois de arrumados os sacos, meti-me à estrada. O primeiro objetivo foi encontrar quilometro 0, o que não foi uma tarefa muito difícil. A partir daí, a viagem seguiu a bom ritmo. O programa das festas para esse dia era ir pernoitar à Sertã.
Sendo a N2 uma estrada que atravessa todo o país de norte a sul, como seria de esperar, oferece uma enorme variedade de paisagens. O mesmo se aplica a morfologia do terreno, e obviamente, às características da estrada. Até Vila Real, o percurso apresenta algumas curvas e excelentes paisagens. Quando começamos a descer para o Douro, começa o festim de curvas. Esta parte do percurso é altamente recomendada, tanto pela vista como pela estrada. Um pouco após passar Lamego, o traçado volta a normalizar no que diz respeito a curvas.
Se a memória não me falha, fiz uma pausa mais alongada perto de Góis. Com o andamento empregue na viagem, pelas 15h já estava na barragem do Cabril, perto de Pedrogão Grande. Antes das 17h já me encontrava na Sertã, onde fui direito ao alojamento. Essa noite seria passada no Casal da Cortiçada, um alojamento local com excelentes condições, incluindo estacionamento privativo para a mota. Como cheguei cedo, consegui descansar antes de ir jantar. O jantar foi no conhecido restaurante Ponte Romana. Uma mista de Bucho e Maranhos acompanhado de um jarrinho de branco foi a merecida recompensa de um dia exigente, com muitos quilómetros feitos. Na manhã seguinte, partiria para o que restava da N2, mas não antes de tomar um fantástico pequeno almoço com produtos locais de grande qualidade.
sexta-feira, 5 de maio de 2023
O segundo dia (1 de Junho) - Parte 2 - N222
"We are all alone, born alone, die alone, and—in spite of True Romance magazines—we shall all someday look back on our lives and see that, in spite of our company, we were alone the whole way. I do not say lonely—at least, not all the time—but essentially, and finally, alone."
Hunther S. Thompson
"If you are lonely when you're alone, you are in bad company"
Jean-Paul Sartre
Apesar das condições climatéricas terem melhorado ligeiramente, mantiveram-se francamente más. A viagem na A25/A24 foi bastante desagradável, com a chuva e frio a marcarem o percurso. Não existe muito a dizer sobre esta parte do percurso: o objetivo era mesmo poupar tempo para fazer a N222 e depois rumar para Chaves.
N222
Uma bela estrada à beira do Douro. O mau tempo deu tréguas e permitiu uma paragem para apreciar a paisagem. O troço percorrido foi relativamente curto, entre o Peso da Régua e o Pinhão. A estrada tinha um trânsito considerável, comparativamente a outras nacionais já percorridas nos dois dias. Deu também para perceber a importância do turismo nesta zona: apesar de ainda nos encontrarmos em pandemia, viam-se muitos turistas, especialmente no Pinhão. Destaque também para a N323, pelas curvas e paisagem à subida das encostas do Douro. Daí a apanhar a A24 novamente foi um pulinho.
Na A24 voltaram as condições miseráveis, com vento, frio e alguma chuva. Mas também me deparei com um cenário curioso: muitas motas na estrada. Fiz uma paragem numa estação de serviço para abastecer, e novamente, muitos motociclistas faziam o mesmo. Não me tinha apercebido que a minha aventura coincidia com um evento importante do calendário motociclista nacional.
À medida que me aproximava de Chaves, o sol começava a aparecer, e o número de motas na estrada continuava a aumentar. Para a estadia em Chaves, tinha reservado um quarto na Guest House Chaves Motorhomes Parking, e foi para lá que me dirigi assim que cheguei à cidade. A localização era bastante simpática, com acesso directo ao passeio pedonal à beira do rio Tâmega. Ao efectuar o checkin é que fui informado de que a edição de 2021 do Portugal de Lés a Lés iria iniciar-se no dia seguinte, em Chaves, com o itinerário desse ano focado na N2! "Mas que grande coincidência", pensei eu, um pouco preocupado com as hordas de motociclistas que encontraria no caminho e com alguma confusão que poderia daí resultar. No entanto, tal não se verificou. O primeiro dia do evento, dia 2 de Junho, seria focado em conhecer a região, pelo que a descida pela N2 só se iniciaria no dia 3. Ou seja, eu teria um dia de avanço, pelo que poderia fazer a estrada sem temer um engarrafamento.
Dado o elevado número de motociclistas na cidade, arranjar sítio para jantar essa noite seria um desafio. Após algum choradinho, lá consegui que me servissem uma bela posta transmontana na Taberna Benito, com a condição que jantasse na esplanada. Jantei ainda com a luz do dia, mas quase a bater o dente com o vento frio que se fazia sentir nesse inicio de noite. Mas ao menos não iria passar fome!
No dia seguinte iria começar a descida da N2.
quarta-feira, 3 de maio de 2023
Manutenção: mudança de óleo e filtro
Manutenção: mudança das pastilhas de travão
Falta apenas deixar uma nota que acaba por ser bastante relevante: com o recuar dos cilindros e após a instalação das pastilhas novas, é deveras importante acionar a manete de travagem várias vezes, até que o sistema ganhe pressão novamente.
O próximo post relativo a manutenção irá ser focado na mudança de óleo e filtro.
Um marco
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