"We find after years of struggle that we do not take a trip; a trip takes us."
John Steinbeck, Travels with Charley: In Search of America
N339
Chegado à Covilhã, dirigi-me ao local onde havia de pernoitar. Pelo menos era o que eu pensava. Pouco depois de iniciar os primeiros quilómetros na N339, cheguei aquela que era a localização do hotel. E logo me deparei com o facto do parque de estacionamento estar completamente deserto. Ainda equacionei que tal fosse um sinal dos efeitos nefastos do COVID sobre o turismo, e que iria ter o hotel praticamente todo só para mim, mas tal não fazia qualquer sentido (ou pelo menos fez durante alguns minutos): num cenário normal existiria um ou outro automóvel estacionado pertencente aos trabalhadores do hotel.
Consultei a reserva, feita e confirmada através do booking.com, e pareceu-me estar tudo ok. Consultei também o email, embora com dúvidas que fosse encontrar algo, pois geralmente estou atento ao mesmo. Na porta do hotel nada informava sobre o fecho do mesmo, pelo que começava a ficar preocupado. O passo seguinte foi arranjar os números de telefone através da internet, mas não tive qualquer sucesso nas muitas tentativas de chamada que fiz. Entretanto, reparei que na Serra da Estrela existiam dois hotéis pertencentes ao mesmo grupo: o hotel dos carquejais e o hotel da Serra da Estrela, localizado nas Penhas da Saúde. Decidi meter-me à estrada novamente em busca do novo destino, que ficava algumas curvas mais adiante na N339. A paisagem começava agora a ficar verdadeiramente interessante, sendo um prenúncio do que me esperava mais à frente. Já tinha estado na Serra da Estrela algumas vezes, mas não tinha dado a devida atenção à estrada que lá nos leva. Mas enquanto não esclarecesse a questão do hotel, não iria conseguir disfrutar verdadeiramente da estrada.
Ao chegar às penhas da saúde é impossível não dar com o hotel, dado o impacto visual do mesmo. Depois de estacionar a mota, dirigi-me à receção, onde o mistério foi resolvido: o hotel dos carquejais tinha sido encerrado e, supostamente, eu deveria ter recebido um email a informar da troca da reserva para o hotel da Serra da Estrela. A situação foi rapidamente resolvida, e pude cumprir o plano inicial: check-in e largar a bagagem no quarto, descansar uns minutos e arrancar até à Torre, fazendo dessa maneira parte do troço da N339. O resto da viagem, já focado em disfrutar, foi um regalo para os sentidos: a serra da estrela pode não ter a grandiosidade dos Alpes, mas não deixa de ter magnificas paisagens naturais e boas curvas.
Ao chegar à torre, foi altura de respirar fundo e relaxar: tinha atingido os objetivos para o primeiro dia! Muitos quilómetros e muitas curvas foram feitas num relativamente curto espaço de tempo. Mas estava satisfeito, e sentia-me ansioso em relação ao que estaria para vir nos próximos dias de aventura. Fiz o caminho de volta ao hotel, parando apenas para tirar uma fotos. Nessa noite jantei, ainda cedo, no restaurante do hotel. Após o jantar, ainda fiz uma pequena caminhada pelas Penhas da Saúde, onde foi possível constatar que o tempo estava a mudar. No dia seguinte, as condições climatéricas não seriam tão favoráveis. Mas isso fica para outro post!
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